Não tem lenço, não tem documento, não tem voz, nem rosto tem. Também não tem endereço fixo. Vive entre a chuva e o sol. Tem medos, tem brios, tem guitarra, tem uma canção.
Desconfio que tem coração, mas o esconde junto com os sentimentos no bolso da alma.
Alguém brilha na sua presença da mesma forma como o Sol já me iluminou, por isso posso imaginar que conhece o amor, como eu conheço.
Acha-me difícil. Eu que tenho rosto, endereço, nome e profissão. Difícil é a vida, que não o quero magoar.
Já desisti até mesmo de o entender, mas continuo a admirar seu canto que leio nas entrelinhas e preenche alguns ocos em mim.
Acusam-me de sonhadora e assumo que respiro entre céu e chão. Peço-me que me entendam: sou pouco prática, adoro uma fantasia, mas não me conformo com isso.
Quero realizar vontades sonhadas e brigo feito uma louca para conseguir. A minha garra atém-se aos meus melhores sonhos; àqueles que dão à vida emoção.
Já ganhei taças de ilusões partilhadas com lábios amados e doces. Já fui às estrelas como quis e já me senti uma. Quem não se sentiu assim alguma vez na vida?
Perdi batalhas e amores, carpi desilusões. Porém, não vou ao amor como um soldado vai à guerra. Não mato, não trapaceio, não morro, apesar de querer sumir ou dormir por uns dias quando termina.
Amor de verdade para mim é feito com mulher e homem (leiam que frisei "para mim"), com roçar de pele, com olhos nos olhos, com beijos sem fim, orgasmos partilhados e abraço por fim.
É também companhia, colo, carinho, cumplicidade e parceria. Porém fazer o que quando se acaba algo assim? Não há nada a fazer além do que disse acima e lembrar...lembrar...lembrar...
Depois vibro nas linhas e entrelinhas de lindos textos que caem do céu, de estimulantes contos à luz da lua e nesse enorme potencial de fantasia que Deus me deu.
Evelyne Furtado
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