Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, do tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.
Carlos Deummond de Andrade.
O poeta estende a mão para que sigamos no mundo juntando ausências que nos completam no outro e nos tornam mais fortes no caminhar preciso e presente.
Um comentário:
Olá Evelyne! Realmente, nós nunca devemos afirmar de sã consciência, que não precisamos de ninguém. O Progresso, quando oriundo de um trabalho compartilhado, é bem mais rápido. "A união faz a força".
Eis mais uma bela criação do célebre Drummond.
Estive navegando, avistei tua nave, adentrei, amei e não resisti.
Beijos,
Furtado.
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