terça-feira, abril 17, 2007

Você pensa ou age como boi em manada?


Reflito se pensamos por nós ou se olhamos a vida pelas lentes de outros. Na nossa sociedade, a grande maioria age como boi em manada. A mídia enaltece os valores superficiais e as pessoas os seguem, sem questionar.
Falta o olhar crítico e se alguém tem essa visão recebe rótulos depreciativos ou é excluído. A independência de pensamento e de atitudes, fundada em valores éticos e em conhecimentos adquiridos, aliados à experiência, é peça raríssima.
Notem-se os casos dos seguidores de filósofos da moda, de escritores e até de celebridades. As citações tomam o lugar muitas vezes de opiniões pessoais, com alusão ou não ao autor da idéia. Isso quando a referência é alguém de valor intelectual, pois o mais comum é acompanhar a mídia e seus ditames.
Ultimamente Nietzsche tornou-se figurinha fácil, pois é citado com excessiva freqüência em discussões. Confesso aqui minha ignorância, sei muito pouco do filósofo alemão e ainda ouso discordar de algumas de suas teses.
Conheço quase nada da vasta obra de Nietzsche, mas o pouco que li foi suficiente para perceber sua genialidade. Porém, também, vislumbrei desesperança naquela alma angustiada. Creio que reside aí importância do distanciamento crítico: saber o que nos serve. A angústia proveniente do Niilismo, por exemplo, não me serve.
Mas deixemos a filosofia e tratemos de outros aspectos sobre o tema em pauta, uma vez que sinto vontade de falar sobre como somos olhados com estranheza ou desprezo quando discordamos de uma corrente política, tida como a mais correta.
Pergunto-me quem é o dono da razão, para determinar o que é mais correto nessa situação?
Convém ressaltar que esse olhar estreito e opressivo não é um mal dos dias que vivemos. Sempre se reprimiu aquele que pensa diferente e a história nos mostra isso.
Quantas idéias originais, sensatas e brilhantes foram caladas por destoarem da visão predominante na época?
E chamo a atenção para um detalhe: alguns intelectuais muitas vezes aderem a alguma corrente, seguindo a boiada e patrulhando a quem pensa diferente.
Sou contrária a qualquer padrão imposto seja este de qualquer natureza. E acredito que o mais importante é pensarmos por nós mesmos ainda que incomode.
Hoje, sei que nem sempre é possível insurgir-me, todavia me reservo o direito de ter meus pensamentos e valores, respeitando o direito do outro.
Claro que não dá para ficar empunhando bandeiras o tempo todo, gosto de manter certa leveza na vida, contudo não abro mão de pensar. Até já fui "do contra", hoje aprendi a ser mais assertiva e não me desgastar tanto ( devo isso ao meu genial terapeuta),porém não vou com a manada sem questionar; sem saber se é realmente o que quero.
Reflexão e um olhar crítico são importantes. Questionar, comparar argumentações e valorizar a experiência de vida são fatores que formam a base de nossa individualidade. Cultuemo-los, pois!

Evelyne Furtado

2 comentários:

Anônimo disse...

Evelyne, você fala de um assunto bastante sério e atualíssimo, nestes tempos de fim dos primados ideológicos. Mas, pessoalmente, tenho imensa dificuldade de entender o que é isso de pensar por si próprio ou desenvolver um olhar crítico por partenogênese, sem participação daquilo que nos rodeia.

Acredito que as pessoas desenvolvem juízos críticos, opiniões e visões de mundo a partir do que leram, ouviram, experimentaram e muito pouco disso pode ser chamado de "individual"

Pensar "originalmente" ou "independentemente" é, a meu ver, praticamente impossível. Pode-se, no máximo, sofisticar a análise e confrontá-la com outras opiniões apreendidas. Mas é difícil escapar daquela máxima comteana de que "os mortos governam os vivos".

Mas isso é só uma opinião sem importância. Um abraço.

Evelyne Furtado. disse...

Halem
Não quis dizer que o pensamento é construído individualmente. Ao contrário o que penso é resultado do li, ouvi, vi e (principalmente) vivi.
O que contesto é o discurso pronto de quem veste a idéia do outro sem o olhar crítico ou aquele que exclui quem pensa diferente de si.
Eu tenho meus "pensadores" preferidos, mas nem esses, com raríssimas exceções, me levam a apoiar suas declarações sem analisá-las antes.
Abraço e obrigada pela sua visita sempre produtiva.