sábado, dezembro 16, 2006

Natal

É dezembro.Os shoppings estão repletos de gente. Esbarrei em uma moça hoje e quase a nocauteei com a minha bolsa enorme.Pedi desculpas sorrindo e acho que fui perdoada, afinal nessa época do ano o perdão cai bem. Com sinceridade, a fase pré-natalina me estressa. São muitas as solicitações para o pouco que disponho.O décimo terceiro salário não chega para atender aqueles a quem gostaria de presentear e janeiro não costuma desculpar os excessos.O bolso ressente-se mesmo. O tempo também é curto para as confraternizações e isso é aflitivo. Existem ainda as expectativas nascidas no começo do ano e não realizadas. Se olharmos para esses desejos não concretizados, o Natal transforma-se numa data lamentável. Muitos têm medo do Natal, por tudo isso que falei e por outros mais sofridos, como a saudade dos que partiram e o fardo da solidão. Não é fácil mesmo lidar com nossas dores nessa época festiva, mas creio que depende muito do nosso enfoque. Se olharmos para as avarias sofreremos, no entanto, se focarmos nos ganhos sempre teremos algo para agradecer. Tive Natais felicíssimos, na minha infância, quando não havia o que lamentar; quando não havia saudade, quando o futuro era uma festa aguardada com alegria. Os natais de minha filha criança foram momentos muito felizes também. Mostrar a cidade iluminada, armar a árvore e contar a história do menino Jesus foram instantes de ternura que ainda repercutem em mim. Em outros, lutei para não me afogar em mágoas e não submergi, graças a Deus! Chego a mais uma festa natalina e sei que o aspecto comercial do Natal tem mais visibilidade do que o seu real significado, mas a tradição não morreu e em cada um de nós existe a alegria pelo nascimento do amor, ainda que não seja tão visível. Cristo nasceu para nos salvar pelo amor.E mesmo que eu não pratique os rituais religiosos, comemoro o seu nascimento. Existe uma alegria genuína quando nesce uma criança e é essa alegria que quero compartilhar nesse Natal. Não quero dividir tristezas ou mau-humor. Desejo, ao contrário, que o amor esteja em cada olhar, em cada abraço, em cada lembrança.Se não consigo me aprofundar religiosamente no significado do Natal, conseguirei mergulhar no sentido amoroso de Jesus menino e tocar ternamente todos os que amo.Almejo sentir mais forte o amor de Deus e partilhar esse amor com quem encontrar pessoalmente ou oferecê-lo a quem está fora do alcance do meu afago, mas perto do meu coração. É dezembro. É época de agradecer, perdoar, retribuir. E assim o faço, pois tenho a convicção de que todos nós temos missões divinas, sendo, na minha opinião, a mais importante o aprendizado do amor. Que a lição seja feita com empenho, tirando os entulhos que nos impede de amar. Que o amor flua acima de todas as demais emoções, inclusive do medo de ser piegas, pois ninguém morre desse mal, mas muitos padecem por falta de amor.

Evelyne Furtado. Dezembro,2006.

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