De repente ultrapassei as 40.000 leituras no Recanto das letras. Não sei exatamente o que esse número significa. Ignoro se quem leu gostou. Desconheço o que atraiu essas visitas, mas tenho algumas conjecturas.
É certo que escrevo compulsivamente e não quero dividir o número de visitantes pela quantidade de textos, porque não gosto de matemática e confesso que posso me decepcionar. Estou evitando decepções. Poupem-me se puderem, ok?
Na verdade não foi assim tão de repente. Estou no Recanto há um ano e meio e já deu tempo de alguns me conhecerem e gostarem do que escrevo ou apenas terem lido um texto, desistindo dessa escrivaninha em seguida.
Os que voltaram, enriqueceream-me com seus comentários e com os retornos que fiz para retribuir as visitas. Já encontrei gente muito boa assim e virei fã de carteirinha.
Talvez o mais importante tenha sido os amigos queridos que ganhei aqui. Amigos com nome, rosto, cheiro, cores, risos e ombros para eu chorar; amigos com quem nunca tive contato real, mas que conheço rosto e vida em suas linhas e até amigos dos quais só sei seus nomes, que não me mostraram o rosto, mas pelos quais tenho admiração e carinho.
Não vivi todo esse tempo em estado de alegria. Meus textos estão aí para provar que pisei em brasas e chorei muito. Chorei o que tinha para chorar e fiz catarse escrevendo.
Escrevo muito sobre mim. Isso é fato. É que além de me purificar escrevendo, sinto-me mais segura falando do que conheço bem e não conheço nada melhor do que a mim mesma. Ainda assim não me conheço tanto, surpreendo-me com o que descubro por trás do que acreditava ser definitivo.
Algumas vezes me desnudei. Fiz strep tease da alma e depois senti aquela estranha sensação que temos quando sonhamos que estamos nus enquanto os demais estão vestidos, mas superei e não me arrependo, embora tenha aprendido a resguardar certos assuntos.
É assim que sou: tímida e impetuosa. Guardo momentos apenas meus, apesar dessa exibição toda. Instantes de emoções intensas, de intimidade, de dores e de amores. Sentimentos que evito abordar pela delicadeza da dor.
Estive "sorumbática" como dizia Vovó Nana, minha bisavó, que chegou perto dos cem anos amando um homem que havia desaparecido há bem mais de meio século. Nesse período quase afundei na areia movediça e fui reerguida pelo instinto de sobrevivência, pela fé em Deus e pelo amor dos anjos que me rodeiam, a quem amo também.
Em franca recuperação, ainda evito alimentos que podem atrasar o renascer da alma que já dança com o som do vizinho, nesse texto que comemoro com quem gosto meu restabelecimento e as 40.000 leituras em mais uma sessão de strep tease, dessa vez parcial.
2 comentários:
Oh minha querida não é fácil de falar de nós mesmos, não é? Mas a Evy falou muito bem e com muita clareza sobre si. Nem é preciso se despir seja do que for, porque se percebe, e bem, que é uma pessoa linda por dentro e por fora. É verdade já falámos e não dei a cara, aqui a minha "mea culpa", mas para a próxima prometo quando falarmos pelo msn eu ponho uma foto minha, pois sei que não é muito delicado falarmos sem rosto. Só que eu tenho um pouquinho de vergonha, pois estou um bocadinho para o gordinha, mas isso já expliquei que é devido à minha hipotiróide. Mas mesmo assim eu depois ponho ok?
Beijinhos querida
Aninha, seu comentário me fez feliz. Eu também sinto isso sobre você. Também não se preocupe com os kilinhos a mais, pois também tenho (inclusive estou em dieta séria dessa vez).
Você já é minha amiga!
Beijos daqui a Lisboa para vc.
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