A citação acima é da autoria do Profeta Gentileza, conhecido personagem das ruas do Rio de Janeiro. O Profeta era a própria encarnação do maluco beleza. Aos que lhe chamavam de louco, ele respondia: - "Sou maluco para te amar e louco para te salvar".
Eis a contradição no mundo no qual vivemos. O louco prega a gentileza e o amor, enquanto os indivíduos ditos sãos, cometem a arrogância, a falta de respeito com o próximo e ignoram a gentileza em prol de suas metas.
Em seu Pequeno Tratado das Grandes Virtudes, André Comte-Sponville, não trata da gentileza, mas eu, numa ousadia confessa, a classificaria entre a polidez, considerada pelo autor como uma “quase” virtude ou “um mero artifício de caráter superficial” e a doçura. uma grande virtude, sendo nas palavras do autor “antes de tudo uma paz, real ou desejada: é o contrário da guerra, da crueldade, da brutalidade, da agressividade, da violência… Paz interior, e a única que é uma virtude”.
A gentileza, portanto, não requer essa aura quase espiritual da doçura, nem se reveste apenas do esmalte da polidez.
Ser gentil é preocupar-se e tratar bem o outro, tão somente. Porém, é mais que o cumprimento, quase mecânico, que damos ao chegarmos ou sairmos. Ser gentil é olhar o outro. É procurar saber se este está bem. É dar a vez no trânsito. É retornar telefonemas, e-mails ou qualquer outra correspondência.
Infelizmente a gentileza é cada vez menos usada por nós no cotidiano. Uma prova é que precisamos de leis para proteger nas atividades práticas do dia-a-dia, o idoso, a gestante e o deficiente físico.
Podemos dizer que a gentileza não combina com a arrogância, nem com a ambição exagerada. A gentileza exige humildade, mas não a subserviência. O prepotente nem olha em volta, não existe alguém mais importante do que ele e seus objetivos. Já o indivíduo gentil é atencioso, sem se submeter. Ele se preocupa com seu vizinho, seu amigo ou com um transeunte em apuros.
O mais relevante é que a gentileza humaniza e facilita o convívio humano. A vida é bem mais fácil de ser vivida quando trocamos gentilezas. Melhor ainda é que podemos aprender a ser gentis. Podemos ensinar aos nossos filhos e praticarmos atos de gentileza.
Claro que não somos gentis o tempo todo, existem aqueles momentos nos quais não somos nem conosco. Porém devemos tentar, praticar, insistir. No mínimo teremos um sorriso tímido de retorno ou uma genileza de volta, como disse o Profeta.
Evelyne Furtado, 03 de outubro de 2007.
2 comentários:
Bem, Evelyne, levei uma tapa de luva de pelica com este seu interessante texto, pois estou no time dos brutos sem remissão e que arderão na chama do inferno (rs). Há um recado para você na parte final da minha última postagem. Um abraço.
Ei, Halem, por trás desse muro deve haver gentileza, sim. Aliás, eu sei que tem, vc é gentil comigo,rs. Obrigada pela visita e pelo comentário. Depois vou no seu Blog ver o que tem lá para mim.
Abraço e bom fim de semana!
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