Ainda menina, ouvi “Atrás da Porta". Linda letra de Chico, na interpretação sublime de Elis. Juro, que aquele abandono me fascinou.
Culpa do compositor e da intérprete, que me seduziram com aquela pungente dor.Que desespero de quem se arrastava, aos prantos, amaldiçoando o amante, amando-o pelo avesso.
Imaginem, que tentei imitar Elis Regina inúmeras vezes e meu coração doía de verdade.Cheguei a desejar viver um amor naqueles moldes.
Bem, não preciso dizer que meu ideal de amor foi "contaminado" pela experiência intensa de amar com o abandono iminente.Eu não tinha essa consciência e não posso dizer que a música foi responsável pelo meu jeito meio latino de amar. Claro que caiu, em solo fértil na cabecinha romântica de uma pré-adolescente.
Cresci, namorei, casei, fui mãe, amadureci e lá estava a semente do abandono atrás da porta, no inconsciente.
Creio que me curei. Haja terapia, auto-análise, leituras e vivências. Vez ou outra me vêm uma recaída, mas já aprendi que amor não tem que doer e que não tenho que me agarrar aos cabelos, aos pelos e aos pijamas do amado, para mantê-lo junto a mim.
Ainda me emociono com a interpretação de Elis, mas me liberto do medo do abandono cada vez mais.
Evelyne Furtado.
sexta-feira, janeiro 19, 2007
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2 comentários:
Oi, Veca!
Olha eu aqui, em frente a uma telinha e não "Atrás da Porta", viajando com seus escritos.
Você é uma grande escritora.
Bjs
http://www.youtube.com/watch?v=35FPZR24djg
Oi, Claudete!
Que bom receber sua visita, amiga!
Muito obrigada pela visita e pelo elogio generoso!
Volte sempre!
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