terça-feira, novembro 04, 2008

Pensar Não Dói, por Zélia Maria Freire.*

Trago hoje com orgulho e carinho a sabedoria de uma amiga que já conheci como escritora de belas crônicas e poemas. Como aprendo com Zelinha! Como a admiro!
Leio todos os textos que ela publica e trouxe um texto do seu blog, aqui listado, para o meu universo em prosa. Obrigada, minha amiga pelos textos maravilhosos, pelo incentivo e pelos puxões de orelhas, também.
Evelyne.



Pensar Não Dói.
Ainda bem que pensar não dói... Mas que eu estou com vontade de, feito a gente de que fala Simon Bolívar, de “arar o mar”, tô, afinal, por esses dias devo receber visitas importantes , que vai me deixar feliz e preciso arrumar a casa,varrer a areia e como já disse: “arar o mar”.




Enquanto as visitas não chegam, penso. Penso aqui nesta minha vidinha boa, não me importando se o santo venerado seja o padrinho padre Cícero do Juazeiro ou Nossa Senhora Aparecida. É tutto cosa nostra. Pouco me importando, também, se o que nos é servido seja leite ou café, será frio do mesmo jeito! Como disse, estava aqui pensando e quando penso dá um “reboliço” na minha cabeça...




Alguém dúvida que este mundo foi sempre um vale de lágrimas? Eu acho que sim, ora nem o Filho do Criador escapou quando pôs os pés por aqui ! Fico imaginando também nos grandes pensadores que viveram no século passado, tendo a Europa como berço e que foram testemunhas sensíveis das tragédias da época, levando-os a descrer, muitos deles, que este planeta fosse sustentado pelas mãos de um Deus inteligente e benévolo e outros tantos, diante do problema do mal, erguiam “uma interrogação muda às estrelas indiferentes, a indagarem por quanto tempo, ó Deus, e por quê?




Seria calamidade universal a vigança de um Deus justo contra uma Idade da Razão e da descrença? Seria um chamado ao intelectopenitente para que se curvasse diante das antigas virtudes da fé, esperança e caridade? Nisso acreditavam Schlegel, Novalis, Chateubriand, Musset, Southey, Wordswort e Gogol; e eles voltaram-se para a velha fé tal como filhos pródigos contentes de regressarem ao lar.




Mas outros tinham uma resposta mais dura: a de que o caos não era senão o reflexo do caos do Universo; que não havia afinal ordem divina nem nenhuma esperança celestial; que Deus, se é que existia, estava cego e que o Mal proliferava na face da Terra. A este último grupo pertenciam Byron, Heiine, Lermontof, Leopardi e Schopenhauer” ( A Filosofia de Schopenhauer).




De minha parte, embora reconhecendo a continuidade da degradação terrestre, não custa nada ter um pouco de fé e esperança em Deus, já que não faz mal a ninguém e que apesar dos pesares, prevaleça em todos nós uma “visão consoladora de uma vida mais ampla, em cuja beleza e justiça final esses males horrorosos que nos assaltam se dissipem.”


*ZÉLIA MARIA FREIRE, ESCRITORA POTIGUAR.

2 comentários:

AnadoCastelo disse...

Adorei este testo. É lindo. E eu também tenho fé que as coisas melhorem.
Beijinhos

Evelyne Furtado. disse...

Essa é Zélia Maria Freire, Aninha!
Tem o link do blog dela aqui em meus favoritos. Uma amiga adorável e excelente escritora.
Beijos e obrigada.