terça-feira, novembro 11, 2008

Assim Partiu Diniz e Quase Posso Vê-lo Entre Anjos.


QUASE POSSO VÊ-LO ENTRE OS ANJOS.

Hoje sou a amiga e admiradora de Diniz Grillo. Hoje eu sinto a partida inesperada do menino sensível da Rua Apodi, que se tornou um artista plástico brilhante, um homem íntegro e um generoso divulgador da cultura potiguar.

Zé Diniz, filho de Dona Alice, morou na esquina da rua que morei entre a infância e adolescência. Lembro que quando ele começou a pintar trocou com minha tia Célia, cartazes dos filmes passados no cinema do meu avô Luís, por um retrato feito por ele.

Anos depois, já um artista reconhecido, pintou um ótimo retrato do meu pai. Nessa época eu e meu ex-marido, demos uma carona a ele que insistiu para fazer um retato meu. Foi a primeira oportunidade que perdi.

Destinos separados. Vidas diferentes e eu só via Diniz nos jornais que noticiavam suas exposições da arte naif pelo mundo.

Veio o Orkut e nos reaproximamos. Diniz colecionava amigos e os presenteava com poemas lindos. Divulgava trabalhos de pintores, escritores e músicos da terra.

Encontramos-nos algumas vezes nos últimos anos. Ele, sempre carinhoso, quando leu um texto meu sobre a casa dos meus avós, que ficava em frente a de sua família, ofereceu-me antecipadamante a capa de um futuro livro. Senti-me, incentivada, honrada e feliz.

Hoje eu sinto por não mais receber as mensagens de Diniz e por ter adiado a publicação de meu livro. Perdi a segunda e última oportunidade.

O último e-mail que recebi dele trazia uma texto de Zélia Maria Freire. Falei para a autora que quis saber onde ele havia encontrado sua crônica.

Perguntei, mas não obtive resposta. Talvez ele estivesse preparando outra exposição e portanto muito ocupado.

Ontem Diniz comemoraria , segundo os jornais, 30 anos de uma carreira bonita que levou suas telas mundo à fora.

Ontem um acidente levou Diniz para o azul onde habitam os seres celestiais. Quase posso vê-lo entre os anjos.

Hoje eu homenageio Diniz Grillo, um dos mais conceituados artistas plásticos natalenses e o menino um pouco mais velho que cresceu perto de mim.

E aqui lembro Caio Fernando Abreu, poeta que acredito ter sido um dos seus preferidos, pois ele nos ofertava seus textos com freqüência, através de recados delicados.

“Chegar ao centro, sem partir-se em mil fragmentos pelo caminho. Completo, total. Sem deixar pedaço algum para trás” .

Assim partiu Diniz.

6 comentários:

Celamar Maione disse...

Eu sei o quanto é duro ver um amigo partir.
Mas tenho certeza que seu amigo lhe deixou muita coisa boa não só como artista plástico mas também com ser humano.
Bela homenagem.
Beijinho.

Evelyne Furtado. disse...

Oi, Cel!
Diniz morreu ontem e eu só soube há pouco tempo através de um vespertino. Tive um choque. Há tempos não convivíamos, mas ele era muito doce todas as vezes que nos encontrávamos e divulgava a cultura potiguar incessantemente.
Lembro como fiquei feliz quando ele me disse que faria a capa do livro que (ainda) não foi publicado.
Obrigada, amiga. Hoje eu senti essa perda.
Beijos

Anônimo disse...

As separações são trágicas sempre. Seja dos amigos, da família, de colegas...São sempre seres muito amados por nós. A morte é uma coisa triste.


Que Diniz esteja bem, onde quer que esteja.

E foi ótimo teres terminado o texto com Caio Fernando Abreu. Ele é magnífico!


Beijocas
Linda quinta!
www.lizziepohlmann.com

Leonor Cordeiro disse...

Querida Veca,
Que linda homenagem ao amigo querido.
Procurei palavras de alguém que admiramos muito:

"(...) cada um é trecho específico de minha vida que morreu um pouco com eles. Os amigos são diferentes e cada um coporta amizade diferente (não falo maior ou menor), conversas diferentes. Quando se vão levam lembranças, pilhérias, confidências, recordações em comum paenas pertencentes a mim e a um pr um dles que deixam em nossa lembrança pensamentos que vão ser idos e vividos, inseusceptíveis de ressureição, zonas desertas, salgadas, terra de ninguém "
(Pedro Nava. Galo das Trevas. p.53)

Para você meu carinho e afeto.
Grrraannde abraço!

Evelyne Furtado. disse...

Lizzeie, obrigada pela visita. Diniz deve está bem, pois era tão puro...
Abraços e bom fim de semana!

Evelyne Furtado. disse...

Leonor, que bom você trazer Nava a esse texto onde homenageio uma pessoa especial como Diniz. Mineiros tão queridos: vocês.
Beijos,amiga e bom fim de semana.