terça-feira, novembro 14, 2006

Ginga com Tapioca

Acordei tarde no sábado que fechou uma semana, onde a ansiedade foi a companhia mais próxima. Teria uma caranguejada na casa de Márcio, porém como sou alérgica ao crustáceo, dediquei a minha manhã à preguiça e ao meu belo café da manhã de sábado, quando posso comer tudo que evito durante a semana.
Depois do almoço com minha filha, fui ao salão de beleza fazer a escova que me dá uma aparência mais bem comportada e por que não dizer mais sintonizada com a ditadura vigente dos fios lisos.
Ao sair do salão resolvi dar uma passada na casa do meu irmão onde já estavam mamãe - louca por caranguejos-, tio Gílson, Luluca, Larissa, Flavinho e Jana. O quorum era mínimo nesse sábado de feriadão, pois parte da família estava viajando, mas nem por isso menos divertido.
Márcio e Ângela, os anfitriões, são mestres na arte de receber e acolher com generosidade Lá sabemos das últimas novidades, experimentamos pratos deliciosos, tomamos cervejas geladíssimas e praticamos o ritual de união e alegria fundado por meus avós maternos.
Essa família reunida produz alarido e ótimas risadas.Rimos de piadas novas e das histórias contadas com a mesma graça, várias vezes por tio Gílson, algumas dessas contestadas por mamãe, o que já faz parte da pauta.
Costumamos dizer que só falta alguém que toque violão no clã, pois cantar todos nós arriscamos.Acho que no dia que entrar esse músico na família, teremos que criar uma disciplina de quartel para podermos encerrar nossas reuniões a tempo de voltarmos ao trabalho na segunda-feira.
Fim da tarde e ouvimos a voz de uma mulher que passava vendendo tapioca com ginga.Não resisti. Até então só havia tomado a minha coca light de sempre. A simpática senhora trazia umas das iguarias mais gostosas para mim e compensaria a frustração de ter ouvido de minha mãe que o caranguejo do 294 estava impecável.
As tapiocas no leite de coco, servidas em folha de bananeira e os peixinhos fritos no dendê, enfileirados em espetinhos de madeira, deram-me um prazer quase infantil. Degustei-os sem culpas, acompanhados da cerveja gelada que eu tinha recusado.Combinação perfeita!
De repente a ansiedade dava espaço para a leveza. Todas as preocupações da semana saíam à francesa, sem despedidas desnecessárias.Nessa tarde compreendi que as melhores coisas da vida podem se revelar em prazeres simples, bom humor e alegria. A felicidade pode ser ginga com tapioca, cerveja gelada e boas companhias.

Evelyne Furtado, em 04 de novembro de 2006.

Um comentário:

Anônimo disse...

Evelyne,
ginga com tapioca (não conheço), queijo com goiabada, cuscuz com rapadura... enfim! A diversidade culinária brasileira e a cultura hetereogênica do povo brasileiro, proporciona aos iluminados, belas crônicas de sábados inesquecíveis. Parabéns! Vc retratou bem esse cotidiano. Te admiro por isso.